O duplo Robinson: as fantásticas aventuras do trabalho e do dinheiro nos primórdios do capitalismo

MUNDO DAS FORMAS

Cláudio R. Duarte

Se em Odisseu temos apenas uma “protótipo do indivíduo burguês” segundo afirmam Adorno e Horkheimer em sua Dialética do Esclarecimento, este floresce pela primeira vez em Robinson Crusoé. A transição para o universo da forma mercantil aqui é fundamental:

“Do ponto de vista das sociedades de troca desenvolvidas e dos indivíduos que as compõem, as aventuras de Odisseu nada mais são do que a descrição dos riscos que constituem o caminho para o sucesso. Odisseu vive segundo o princípio primordial que constituiu outrora a sociedade burguesa. A escolha era entre lograr ou arruinar-se. O logro era a marca da ratio, traindo sua particularidade. Por isso, a socialização universal, esboçada na história de Odisseu, o navegante do mundo, e na de Robinson, o fabricante solitário, já implica desde a origem a solidão absoluta, que se torna manifesta ao fim da era burguesa. Socialização radical significa alienação…

Ver o post original 3.810 mais palavras