Em 24 de agosto de 1984, nevou em Porto Alegre. Havia mais de 70 anos que não nevava na cidade. Sangue fresco decorava o chão pálido do Centro Histórico, soltando vapor com cheiro ferroso. Os trabalhadores que cruzavam o viaduto da Borges foram os primeiros a notar. Ainda lembro da contorção do rosto de um deles ao ver uma mão decepada abandonada ao ar livre, passou anos jurando que a ela ainda mexia. Outro, evitando olhar a trilha de sangue, conseguiu identificar um vadio de pele marrom em atitude suspeita nos arredores da cena do crime.
Quando encontrou um intestino, algum funcionário da CEEE reparou em um colega de cabelos loiros e ombros largos perto do local que segurava um pote. A polícia o procurou para dar depoimento, mas a informação se perdeu em meio a pistas mais importantes.
As autoridades tentavam encontrar-se entre gritos de crianças que atiravam bolas…
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