Para onde vais, assim calado,
de olhos hirtos, quieto e deitado,
as mãos imóveis de cada lado?
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Tua longa barca desliza
por não sei que onda, límpida e lisa,
sem leme, sem vela, sem brisa…
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Passas por mim na órbita imensa
de uma secreta indiferença,
que qualquer pergunta dispensa.
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Desapareces do lado oposto
e, então, com súbito desgosto,
vejo que teu rosto é o meu rosto […]
Cecilia Meireles, Fantasma
Pedro tinha trinta e quatro anos e trabalhava como motorista de taxi. Sua vida era rotineira, sem muitas mudanças, apenas o entra e sai de passageiros, uma e outra discussão de trânsito e nada mais.
As ruas de São Paulo eram o seu ganha-pão, porém naquela noite, quando retornava da faculdade de medicina do ABC, onde tinha um ponto de taxi, ele foi abordado por um homem singular. O sujeito era possivelmente um professor universitário. Portava uma…
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