Tenho uma pergunta para você, ela disse, enquanto se preparava para sair: a saia, a blusa, o salto, o batom, nada destoava naquele arranjo todo combinadinho de cores pastéis.
(a coerência é uma prisão)
– Eu gostaria que você
(ela)
–… ao menos me dissesse
(continuou)
–… o nome
(pausadamente)
Sem conseguir, contudo, terminar a sentença: as palavras foram abruptamente embargadas
(como se seu rosto tivesse recebido um soco)
por um acesso de choro, dolorido como o abandono.
Ela levou as mãos ao rosto, a fim de conter as lágrimas, num gesto inútil, que ao fim e ao cabo fez o choro tornar-se ainda mais intenso
(e doloroso).
A um ou dois passos de distância, ela observava-a, numa compaixão indiferente.
Conhecera-a numa festa, anos atrás, quando foram apresentados por um amigo de um conhecido dele. No início daquela noite, trocaram algumas palavras:
– Onde você mora?
Ele peguntou a ela.
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