Pista de pouso sem número, área rural

em

Errâncias

Eu que não tenho. Que não teria. Eu, e as ideias que se me ocorrem, e que em geral são muitas.

Eu, que vivo e penso em meio a textos não escritos, quando me proponho a escrever escrevo, em geral, sobre nada.

Eu, que me encanto pela vida dos “cá dentros”, atento sempre à falácia de supor que haja um dentro a se opor a um fora. Eu pensando em endoptismos, endossimbioses, encriptamentos, melancolizações constitutivas, espectros.

Eu às voltas com meus fantasmas, guardando-os comigo, possessivo, cioso, avaro.

Eu um dia tive ideia de escrever um livro. Era menino, e a ideia era pouco mais que um brinquedo – mas enquanto menino, evidente que levava brinquedos a sério. E por isso vivia encantado a brincar com meu brinquedo, todo imbuído dos arremessos que habitam o pensamento de moleque: haveria a hecatombe, um setor inóspito da Austrália teria sobrevivido por força de…

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